23/11/2015

É a vida...

No início, revelei o sonho de que as minhas palavras pudessem fazer a diferença, pudessem deixar uma marca. Cada artigo que escrevo espelha esse desejo. Hoje gostava que fizessem uma reflexão comigo, que cada um de vós pense naquilo que vos rodeia, no que veem diariamente, no que têm, no que sentem, e principalmente na sorte que cada um de nós possui.
A cada dia que passa conheço um mundo mais desigual, mais injusto e mais cruel, e o que mais me magoa é perceber que, também eu diariamente vivo na cegueira da realidade que assombra a maioria do mundo onde vivemos. Quanto mais leio, mais assustada fico com o rumo que a humanidade segue, não falo só dos atrozes atentados em Paris. Falo das guerras que ignoramos, nas vidas de milhares de pessoas que todos os dias ouvem o som das armas, das bombas, das mortes que os rodeia. Falo nas crianças que dormem na rua porque a sua casa lhes foi roubada, porque viram a morte mesmo ao seu lado. Falo em todos os refugiados que fogem porque apenas desejam uma vida, simples como isso, uma vida. Falo naqueles que se veem restringidos nas suas liberdades, naqueles que são condenados por acreditarem e defenderem uma causa, naqueles que morrem tentando contar a verdade.
Eu pergunto, onde é que tudo isto é justo? Porque? Porque é que eu tive a sorte de nascer num país no qual, digam o que digam, tenho acesso às mais básicas necessidades do ser humano e acima de tudo, tenho paz e liberdade, enquanto outros nasceram num inferno? Acima de tudo pergunto-me, até que ponto é que tenho dado o devido valor à sorte que tenho, às oportunidades que tenho, até que ponto é que tenho feito da minha vida algo que me encha de orgulho? E tu? Até que ponto é que tens feito a tua vida valer a pena?
Perante o estado de alerta que soa na Europa com o terrorismo, todos nós sentimos na pele a incompreensão, a revolta e acima de tudo o medo do futuro. Bem, querem saber uma coisa? Há quem sinta tudo isso desde o dia em que chegou a este mundo, há quem desse tudo pela oportunidade de aprender, de estudar, de dançar, de vestir o que bem lhe apetecesse, de dizer o que sentia, há quem desse tudo por, pelo menos uma vez, sentir segurança. Por essas pessoas que dariam tudo para estar no teu lugar, por ti, pergunto: lutaste o suficiente? Se não, do que estás à espera? Não te deixes vencer pelo medo, não te deixes acomodar pelo conforto, luta por ti, luta pela tua vida, e acima de tudo, não te esqueças de quem está ao teu lado, olha-o, ouve-o, não o julgues, não te deixes assombrar pelo preconceito, dá a mão, partilha, faz o que puderes, porque acredita que são com esses gestos que se muda o mundo e é com esses gestos que vences o medo. 



15/11/2015

É guerra que querem, é guerra que irão ter

Desde Janeiro deste ano, após os ataques terroristas ao Charlie Hebdo que muita tinta correu sobre o Daesh, o terror e as respostas que teriam de ser dadas. Desde Janeiro que pouco mudou, a não ser para pior. Depois de um ataque a um alvo específico, eis que uma acção coordenada espalha o pânico e a morte em vários pontos da cidade de Paris procurando o maior dano possível no meio de cidadãos comuns. Atacaram um bairro e locais de arte e cultura, atacaram a nossa maneira de viver, a nossa cultura e o nosso bem-estar que tanto incomoda as suas visões dantescas. Não podemos deixar que nos tirem isso e não vamos viver com medo.
            Desde o início do ano que têm sido organizados esforços conjuntos e mecanismos de monitorização mas ainda com várias limitações sobretudo por parte dos serviços de intelligence. A resposta não pode ser dada de forma separada por cada país como se cada qual tivesse as suas preocupações mas sim através de um consenso diplomático entre os actores externos que inclua uma articulação entre EUA, Rússia, Irão, Arábia Saudita e Turquia no combate ao terrorismo, e de uma intensificação da luta no terreno.
            129 mortos, 352 feridos, 2 desses mortos eram portugueses. Enquanto esta desgraça prolifera na Síria e países vizinhos, aos poucos passa de uma guerra regional para uma guerra de muito maior escala, à medida que vemos realidades que nos são tão próximas e familiares a serem alvo de carnificinas e de perseguição a infiéis.
            Não quero dizer que o mesmo que sucede no Líbano, Síria ou Iraque não seja digno da mesma consternação e união, mas sentir essa realidade cada vez mais próxima faz-nos, enquanto ser humanos, sentir essa desgraça como mais nossa por mais hipócrita e mesquinho que possa parecer. Sofro com as populações da Síria da mesma forma que sofro com as vítimas francesas mas acredito que da mesma forma que esta dor do dia 13 de Novembro me é mais próxima e palpável também se ganha a noção de que podia ter acontecido em qualquer outra sociedade democrática.
            Como monitorizar milhares de indivíduos suspeitos e outros tantos que não o são? De onde vêem, como são financiados? Como atacar alvos dispersos? Qual o objectivo de fechar fronteiras se estes indivíduos se encontram imiscuídos nas sociedades ocidentais já, por vezes, muito antes do despertar desta onda de terrorismo do Estado Islâmico?
       
     Portugal é considerado por todos um país seguro. Eu sinto-me segura, no entanto há aproximadamente um ano fui provavelmente vítima de uma tentativa de recrutamento por parte de um membro da ISIS. E agora volto a recordar esse dia. Um rapaz da minha idade de feições árabes, supostamente turista por uma semana em Portugal, residia em França e aproximou-se de mim numa Igreja católica para discutir o seu credo muçulmano, até que o discurso se modificou progressivamente com vista a uma autêntica “lavagem cerebral”.
            Não quero de todo identificar-me com a ideia de que a religião muçulmana é a responsável, que quem a pratica apoia estes actos, porque essa não é a verdade. O que é verdade, é que ao longo da história se tem mostrado quão facilmente uma religião pode levar a atitudes extremistas e a matar em nome de um deus. A reflexão que tem de ser feita tem de ser isenta de ideologias. E o que quero fazer com este testemunho pessoal é chamar a atenção para a facilidade que estes monstros têm em se infiltrar na nossa sociedade (de notar que cerca de 6000 a 8000 cidadãos europeus se tornaram combatentes jihadistas) e no quão difícil pode ser parar um movimento que qualquer pessoa sã não consegue compreender a ideia e as motivações que estão por detrás, e que para além disso se espalharam por vastos territórios.
            A situação ganhou uma dimensão e complexidades que torna qualquer intervenção armada muito problemática e por isso são mais que nunca necessários esforços para uma resposta coordenada. Os obstáculos são grandes e vai ser necessária muita coragem para enfrentar o que está para vir, mas a segurança não vai ser ganha se nos escondermos nas nossas fronteiras e vivermos num clima de terror e subserviência.    Não vamos deixar que estes ataques sigam impunes, que os nossos valores sejam deitados por terra nem que nos verguem e espezinhem. As provocações são claras e sangrentas e a violência tem de ser respondida com violência pois só assim será possível defender as populações e honrar as mortes que ocorrem por todo o mundo devido às atrocidades cometidas pelos radicais islâmicos.
            Em parte o Islão tem de se demarcar deste radicalismo porque obviamente que não são de todo a mesma coisa, tem de ser realizado um controlo mais apertado e pôr em prática uma acção concertada.
            Isto voltará a acontecer se não nos anteciparmos. Não basta agir depois. As pessoas que morreram, as que correram em pânico pelas ruas ao som dos tiros, os que viram outros morrer à sua frente, os que perderam entes amados e sobreviveram a esta tragédia e nunca mais serão os mesmos, pelos familiares que estão a passar pela mais profundas das dores, por todos eles urge uma resposta. Todos nós merecemos e ansiamos uma reposta a esta matança. Se é preciso acontecimentos destes para se sentirem as reacções internacionais, ao menos que estas tenham o seu efeito prático.
            Essa resposta pode passar por um maior controlo e policiamento, medidas mais duras e discurso mais severo em detrimento talvez e alguns direitos, a luta tem de ser intensificada e sem mais misericórdia. Os serviços de segurança têm de estar mais dispostos a partilhar informação entre si e não deixar que existam aberturas para este tipo de situações, porque a melhor forma de combater o terrorismo passa pela prevenção.
            “É um ataque contra todos nós” disseram os líderes europeus num comunicado conjunto, um “acto de guerra” afirmou Hollande. A guerra já foi declarada há muito tempo e se é guerra que querem, é guerra que irão ter.


08/11/2015

Os Romanos é que tinham razão...



      Quem irá governar Portugal? É a pergunta que mais se ouve nos últimos dias! Já diziam, e bem, os romanos «estes nem se governam, nem se deixam governar». Começo a achar que isto já faz parte de nós, esta coisa de andarmos aqui às aranhas com as artimanhas que os políticos deste país arranjam para se entreterem. Tudo aquilo a que assisto nos últimos dias baseia-se no objectivo mais básico que ocupa a mente humana, desde a sua criação – O Poder.
  
      Basta olharmos para toda a história da humanidade e vemos que as guerras, as lutas, as crises, os golpes de estado, tudo isso, teve como início a vontade, a sede de poder de algum Homem, que um dia acordou e pensou quero aquilo! Não me entendam mal, a ambição é algo que faz parte de nós, todos nós devemos ter o desejo de alcançar algo, de ter alguma coisa nossa, mas o que não podemos deixar é que essa vontade nos cegue perante tudo aquilo que nos rodeia. A mesma cegueira que se alimenta da melhor amiga da nossa vontade de mandar: A hipocrisia.
    
      A hipocrisia com que nos colocamos atrás de um púlpito e assumimos uma eleição minoritária, como a maior das vitórias e mesmo sabendo que temos os dias contados olharmos nos olhos de um povo e dizermos que, a partir de agora, tudo vai melhorar. 
       A mesma hipocrisia com que assumimos que juntar três partidos formam a maioria da vontade popular, e que só isso nos dá a credibilidade de nos auto proclamarmos como futuro governo. 
       É exactamente essa mesma hipocrisia que nos leva a criticar quem nos governa, e no dia das eleições ficarmos sentados no sofá sem nos darmos “ao trabalho” de irmos expressar a nossa opinião num boletim. E depois o resultado é este, dois possíveis governos, um impasse, e a incerteza de como será o nosso futuro.
    

    


29/10/2015

Admite, já tiraste uma selfie hoje

Já repararam que a própria palavra selfie é indicativa do egocentrismo que ela representa? Selfie significa “só eu”, como na canção “Me, myself and I”, que tudo o resto não vale a pena ser mencionado, "just me", qual supra-sumo.
Esta mania das selfies já dura pelo menos um ano e ao que parece veio para ficar. É vê-las (sim as maiores culpadas são as meninas) no meio da rua, no café giro da esquina, sentadas numa pose descontraída ou na maior das actividades e agitação, a sacar o telemóvel do bolso e gravar o momento. Bem, neste caso nem se trata de gravar o momento visto que nada demais se passa que não aconteça no quotidiano e na vida de milhares de pessoas por todo o mundo. Se o objectivo principal destas fotografias não é para mais tarde recordar nem visa nenhum propósito em especial que as torne marcantes ou com um fim específico então o que as torna tão viciantes se são tão banais? Provavelmente viciam porque estamos viciados em nós mesmos de tal maneira que cultivamos este culto do eu da forma mais absorvente possível.
Quase todos nos podemos declarar culpados deste pecado da vida moderna, eu própria não me posso escapar às acusações. Vivemos fechados em nós próprios e preocupados sobretudo com o nosso umbigo de tal maneira que a única coisa de que nos lembramos na pausa para o trabalho, no trânsito para casa, no nosso restaurante preferido ou na nossa corrida matinal é da importância que terá uma foto nossa, da nossa cara linda mas igual a tantas outras, do nosso look de parar o trânsito, mas que se perde numa multidão de looks iguais em vez de parar para respirar e esvaziar a mente.
O culto do eu é mau? De facto não é. Gostarmos de nós próprios é das melhores terapias e remédios para ser feliz e bem-sucedido mas existe uma linha que simplesmente torna essa auto-estima, vaidade e orgulho numa obsessão ridícula e doentia.
Já viram que giro é? Anda tudo obcecado consigo próprio. Tão obcecados que sobra pouco tempo para deixar que se sintam obcecados por nós, até porque, claro, nós e nós mesmos bastamos sim já conheço a história. Somos lindas estrelas brilhantes que não precisamos de nada nem de ninguém porque enfim, tanta perfeição basta não é? O mundo à nossa volta não merece assim tanta atenção vistas as coisas, porque a minha (leia-se vossa) presença ofusca o resto. Não me interessa fotografar uma paisagem nem tirar uma foto com o grupo de amigos e amigas quando o centro de tudo só posso ser eu.

Não está qualquer coisa de errado? Quero dizer, das dezenas de vezes por semana que tiram fotos a vocês mesmos só porque sim, já experimentaram pensar no acto em si? É como se estivessem constantemente a olhar-se ao espelho, só mesmo para constatar que estão bem e se recomendam ao mundo. É como quando estamos a ver o nosso reflexo nos retrovisores dos carros estacionados e somos apanhados porque afinal estava alguém lá dentro, não sentem o quão ridículo é estarem a fazer poses e boquinhas de pato? Com as selfies vai dar ao mesmo, basicamente gostamos de apreciar a nossa beleza no ecrã do telemóvel e partilhá-la com o mundo, alimentando o nosso ego gigante. Ah mas com uma diferença, dá para acrescentar uns filtros. Sim, porque a final de contas, não somos assim tão bonitos.

29/03/2015

Caixas Negras

A vida é completamente imprevisível. E o Homem segue-lhe as pisadas. Num momento podemos ser as pessoas mais lúcidas e, no outro, ter vontade de fazer as coisas mais inimagináveis. Há razões que por mais que tentemos entender nunca o iremos conseguir, porque estão fora da lógica da maioria. É completamente impensável entender a razão que leva um co piloto a destruir propositadamente um avião levando com ele 149 pessoas totalmente inocentes. É impossível. Podemos continuar a questionar, mas a verdade é que por mais caixas negras que encontrem, nenhuma delas nos vai dizer o que ia na cabeça de Andreas Lubitz.  
     Tenho que confessar que o momento de entrada num avião é, para mim, muito perturbador. A minha mente navega por entre as mil e uma coisas que podem correr mal: uma tempestade incontrolável, a falha dos motores ou então uma invasão de terroristas infiltrados, mas nunca me lembrei de questionar os ímpetos suicidas dos pilotos, que naquelas horas tinham a minha vida, a dos meus e a de mais cento e tal pessoas nas suas mãos. E isto porquê? Porque na minha ingenuidade pensaria que a companhia se certificava que tinha consigo não só os melhores, os mais competentes, mas também os mais estáveis. Como eu disse, o Homem é imprevisível, e nunca nos devíamos esquecer disso. Os pilotos têm diariamente nas suas mãos a vida de milhares de pessoas que confiam neles de olhos fechados, que confiam que eles os vão levar de volta para as suas famílias; que eles os vão levar para aquela viagem que há tanto tempo sonhavam fazer; que os vão levar ao reencontro de um velho amigo que há muito não viam; colocam neles a esperança de um futuro.

26/03/2015

As mentalidades por trás dos maus tratos

            Recentemente, os maus tratos a animais de companhia (morte e danos físicos) passaram a ser punidos por lei. Aqueles que o fizerem sem motivos legítimos arriscam-se a uma pena de prisão que poderá chegar aos dois anos.
            No início do mês, um cão foi abatido a tiro em Monsanto pelo vizinho dos donos. Gerou-se uma onda de indignação nas redes sociais e media e ainda o apoio político da PAN. Para além disso, as organizações de protecção de animais aproveitaram o momento para reforçar os apelos para que a nova lei seja efectiva.
            Crueldade à parte, há que ter em conta as diferenças que se apresentam a nível de mentalidades. Apoio este avanço mas há que levar a questão mais a fundo porque apesar de compreender o sofrimento dos donos e me causar tristeza situações semelhantes, consigo também analisar a outra face do problema.
            Se recuarmos duas gerações facilmente concluímos que a forma como os nossos avós foram criados não é comparável com os afectos que actualmente ligam a maior parte de nós aos animais. Com grande parte da população a trabalhar de sol a sol num meio rural e com poucas perspectivas e horizontes para além do sol a pôr-se na fazenda onde o rebanho está a pastar, penso que não é de esperar que essas mesmas pessoas olhem para os animais como algo mais do que uma ferramenta de trabalho e sobretudo, uma forma de sustento.
            Como ouvi dizer, é gente mais "preparada para a vida". A falta de meios para prosseguir com os estudos ou ambicionar a uma vida com maior bem-estar faz com que estas questões que a nossa sociedade desenvolvida coloca não façam qualquer sentido há uns anos atrás. A realidade é bem mais dura para dar espaço a esse nível de preocupações.  O que tem abater o cão do vizinho a tiro se ele anda a rondar a minha casa ou se abater o próprio cão se tal se mostrar necessário nem sequer é um problema?
            A questão em causa para as pessoas que foram educadas para ganhar a vida nestes meios não só é secundária como para muitos nem sentido faz. Não podemos fazer uma comparação quando estão em jogo contextos tão distintos.

            Não considero que os actuais problemas nacionais sejam a desculpa para não analisar este assunto, não considero que o facto de existirem prioridades nos faça ter "vistas curtas". Contudo, a defesa dos direitos dos animais deve ganhar uma certa racionalidade que muitas vezes parece que se perde. Provavelmente a solução passa sobretudo pela imposição de coimas agravadas e de um exercício de prevenção visto que muitos destes casos remontam a quezílias e invejas de parte a parte sobretudo nas zonas do interior português.

16/03/2015

Máscara Virtual

  Nas últimas eras, as inovações tecnológicas têm sido uma constante nesta sociedade que vive numa permanente sede de mudança e renovação. E foi desta forma que um mundo que outrora vivia isolado se transformou num mundo globalizado reduzido a uma «aldeia global». Tudo se tornou mais fácil, rápido e inovador. As comunicações facilitaram-se. Se há uns anos atrás ter um telemóvel era um motivo de festa, hoje em dia tornou-se em algo banal, importante é que seja a versão mais recente e funcional! A internet aproximou as pessoas num mundo virtual onde tudo acontece e nada é impossível. E o famoso facebook tornou-se no habitat natural de quase toda uma sociedade, tornando-se num novo e inovador meio de comunicar. Resumindo, toda esta evolução tecnológica trouxe não só desenvolvimento, mas também o afastamento das relações pessoais. Hoje em dia, temos cada vez mais gerações presas a um mundo virtual.
                
   Evidente que todo o desenvolvimento a que assistimos nas últimas décadas proporcionou às sociedades uma melhoria considerável das condições de vida e que todo este progresso tecnológico facilitou e tornou o nosso quotidiano mais diverso (pelo menos em metade do mundo, mas isto já são outras histórias), mas o que preocupa são as consequências que tudo isto trouxe para as relações humanas. Afinal a que custo é feito o progresso?
    A base do ser humano é a comunicação, é a sua capacidade de comunicar com e para os outros, mas também para si mesmo. Se por um lado, a nova era tecnológica facilitou a comunicação reduzindo a distância, por outro, reduziu o convívio e a partilha entre humanos sem o uso de artefactos. Basta vermos que muito do nosso tempo é gasto em frente a um computador, navegando pelo facebook, “comunicando” com os nossos amigos virtuais, ou ainda presos num ciclo infinito de SMS´s. Os restaurantes tornaram-se palco de uma procura da senha do Wi-Fi, numa sede de conhecer as últimas novidades. Que é feito dos momentos em família, onde se conversa, se partilha o nosso dia-a-dia, as nossas preocupações? Que é feito dos momentos entre amigos, daqueles que ficam nas nossas memórias durante anos e que acabamos por recordar anos depois, ainda com um carinho especial?

12/03/2015

Nem em casa estamos seguros


Ver o nosso espaço invadido não é coisa fácil de engolir. Mesmo que as marcas deixadas não sejam evidentes, a sensação de que alguém perturbou a paz que nos é cara deixa-nos com um travo amargo na boca. A isto acrescem as perdas materiais, os estragos provocados por arrombamentos e demais intervenções, grandes gastos monetários, aflição e dor de cabeça.
Pensamos sempre que só acontece aos outros e somente quando a desgraça nos bate à porta percebemos a gravidade da situação e urge o tempo para tomarmos medidas. Afinal de contas quem haveria de julgar que o nosso próprio lar poderia ser alvo de vandalismo, roubo ou mesmo sequestro? Estamos em Portugal e apesar das agências de rating nos baixarem as nossas posições, que eu saiba não somos um país de terceiro mundo onde a violência e criminalidade é progressivamente mais atendida não deixando, contudo, de ser uma parte do dia-a-dia daqueles que vivem com ela à porta.

Mas o pior, é que a nossa mentalidade principia por ter uma formatação igual, não nos sentimos seguros na rua, viajar de transportes públicos à noite deixou de ser boa ideia, uma casa sem alarme de segurança está em perigo iminente, confiar no vizinho ou na entidade competente vai deixando de ser opção e de vez em quando até temos medo da nossa sombra.
Quantas entidades de grande vulto já foram acusadas de crimes semelhantes? Quantos casos de autoridades competentes apanhadas em flagrante não são a opinião pública testemunha? São só alguns casos que nos fazem deixar de lado a nossa boa fé e passar a ter uma atitude de alerta permanente. Aquela cara nova lá da rua pode afinal de contas não ser o novo dono do café da esquina mas um possível infiltrado para nos espiar os cantos à casa.

Acho que o modus operandi dos assaltantes actualmente é deveras despreocupado. E se não me engano, têm razões para tal. Senão vejamos, o policiamento em Portugal é na generalidade reduzido a patrulhas de trânsito e quando chamados para resolver estas situações pouco mais lhes é permitido fazer do que preencher a papelada sobre o ocorrido. Se perguntar se existe alguma possibilidade de apanhar o culpado e se o nosso depoimento foi prestável, é provável que receba um encolher de ombros e um sorriso de “é isto que temos”. De facto, com os legisladores que temos não podemos ter grandes esperanças. Se dois polícias são mortos por atropelamento enquanto perseguem dois criminosos e os mesmos são depois postos em liberdade, que esperança é suposto ter? E que conduta podemos passar a exigir dos seus colegas polícias quando o uso de uma arma de fogo para impedir actos

09/03/2015

Um Mundo Esquecido..

Sou uma mulher desiludida com o mundo em que vivo. E a principal razão é o esquecimento, as falsas preocupações e, principalmente, a incapacidade de agir. O movimento  #BringBackOurGirls foi um fenómeno mundial, no entanto,  quase um ano depois, as 200 raparigas continuam desaparecidas e o mundo entrou, de novo,  num estado de amnésia selectiva. E a violência para com as mulheres, o abuso e o desrespeito por direitos básicos continuam. E nós, o que fizemos verdadeiramente?

«Todos os homens batem nas mulheres e, um dia, eu vou fazer o mesmo»[i], e é este o “sonho” de um jovem indiano de 8 anos. Quem o pode culpar? É este o exemplo com que ele cresceu, foi isto que lhe foi ensinado por seu pai, e é isto que ele vê todos os dias na sociedade que o rodeia. Agora eu pergunto como é que é possível existir, nos dias de hoje, esta crença? Revolta-me ler que, a cada 28 minutos, acontece uma violação na India, que todos os dias, milhares de mulheres são espancadas, violadas e mortas[ii]. E eu não vejo nada a ser feito! O mundo vive obcecado com o crescimento económico, com a crise financeira, e continua cego à crescente crise de valores que afunda a nossa sociedade.


A Índia tem assistido a um aumento na inconsciência das políticas relativas ao controlo populacional, tudo com base no ideal de que as mulheres são inferiores, fardos para as famílias, e não merecem ser ouvidas nem respeitadas. Neste sentido, cresce o número de abortos selectivos, em que fazem uma festa se o bebé for varão ou, então, matam se for menina. Outra medida muito popular são as esterilizações, muitas delas forçadas e uma grande maioria culmina na morte destas mulheres[iii]. Os pobres dos homens não podem fazer esta cirurgia porque têm receio de perder a sua virilidade e, viva o sexo forte! Eu gostava de saber o que é que estes homens vão fazer quando o número de mulheres começar a diminuir. Mas eles já têm uma solução: O tráfico humano oriundo dos países vizinhos!

Eu vivo num mundo em que os direitos humanos nada valem. «Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos», assim começa a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Eu pergunto:

02/03/2015

Ventos de mudança?

O pontificado do Papa Francisco parece querer trazer novos ventos à Igreja. A reforma da Cúria Romana torna-se um assunto central na agenda, após o início do saneamento da estrutura financeira no Vaticano, mas o percurso é manifestamente longo vistas as resistências que enfrenta.
            Estas resistências acabam por ser naturais se olharmos para as mudanças que o novo Papa tenta instituir e as divisões que daí surgem dentro do próprio seio da Igreja, muitas vezes decorrentes de episódios polémicos.
            Apesar do positivo “efeito Francisco” para a Igreja católica, muitos fiéis não se encontram satisfeitos e é por essas razões que a proximidade das pessoas, com os seus problemas e vidas é essencial, um processo que Francisco apelida de “sarar feridas”.

            Contudo, esta visão pode ser travada por resistências que após alguns meses de pontificado se tornaram mais evidentes. Estas prendem-se sobretudo com as reformas que se pretendem instituir ao nível interno da Cúria.
            Com opiniões marcadas relativamente ao núcleo familiar e suas obrigações ou ainda assuntos polémicos como a homossexualidade e o aborto, pode existir um risco de acumular inimizades junto dos membros da Igreja que o seguem. Contudo, a resposta parece ser simples. O Evangelho deve ser colocado acima da doutrina mas ninguém deverá esperar que se mudem os preceitos que orientam o catolicismo embora algo diferente possa acontecer e isso prende-se com a não condenação de certos comportamentos e grupos.
            Os gestos de Jorge Mario Bergoglio cedo conquistaram multidões, sobretudo aqueles gestos que o revestem de humildade. Mas se por um lado os seus comportamentos trouxeram a esperança de uma nova Igreja, muitos outros agitaram-se no seu desconforto. Muitos consideram o seu comportamento um exagero por dessacralizar a sua função mas o objectivo é o oposto e visa fortalecer a instituição.  Por outro lado, imagino várias personalidades desagradadas com os seus discursos críticos do capitalismo sem freio” ao mesmo tempo que luta contra o egoísmo, a demagogia e a vaidade e interesses dos poderosos. Dando o seu exemplo de austeridade, recrimina a sociedade do consumo e a forma como veneramos acima de tudo os bens, impõe a sua conduta aos restantes sacerdotes e leigos.

            Apesar das crises, o cristianismo sempre mostrou uma grande capacidade de adaptação aos mais variados sinais dos tempos, resta saber se os projectos reformistas iniciados pelo Papa argentino se tratam de uma mudança profunda ou antes que será um processo estagnado pelos conservadores dogmáticos.

23/02/2015

Há doenças populares?

Como todos o sabemos, o ébola tem vindo a concentrar atenções um pouco por todo o mundo, fazendo soar o alerta nos órgãos de saúde internacionais.
Contudo, o seu potencial infeccioso pode ser comparado com muitas outras doenças.
Exemplo disso é a tuberculose que segundo dados da Organização Mundial de Saúde registou 9 milhões de pessoas infectadas em 2013 em que dessas, 1,5 milhão morreram.
Desde que começou o surto de ébola, 260 mil pessoas morreram de malária sendo a doença infecciosa que mais mata. Dengue, febre amarela, malária e tuberculose são as doenças infecciosas mais perigosas actualmente.
Um dos problemas está na falta de informação e divulgação. No caso do ébola, o alarme só foi mais incisivo a partir do momento em que os risos começaram a chegar a Angola, o que pode indicar que as chamadas de atenção podem depender do sítio em que acontece a epidemia.
O caso da malária pode não receber tanta preocupação pelo facto dos mosquitos só conseguirem sobreviver em regiões com climas muito específicos que por acaso são nas zonas mais pobres e menos desenvolvidas. Provavelmente, se o clima ideal para a expansão desta doença fosse temperado, como por exemplo nos países europeus, os esforços para a produção de uma vacina já teriam sido realizados há mais tempo.
Para além disso a forma como os media abordam o tema cria mais do que informação esclarecedora, o caos entre os mais susceptíveis. Os efeitos secundários passam pela estigmatização de comunidades como mostra o surto de SARS em 2003, a população asiática nos EUA tornou-se alvo das preocupações dos americanos sobre a proximidade com os mesmo ou sobre a compra de mercadorias.

Para além de cuidados médicos e aposta na investigação de forma a conseguir os tão necessários meios para combater estes vírus, é preciso, aparentemente, tornar a doença atractiva para os meios de comunicação e populações que não esperam ser afectadas por elas. Desta forma, todas elas devem conseguir o “horário nobre”.

18/02/2015

Porquê?

    Hoje quero contar-vos uma história que me é muito próxima. É a história de um menino que tem o sonho de ser “cinemista”(como ele próprio diz). É um menino como todos os outros, com as suas preocupações e sentimentos, sonhos e desejos, que sabe do que gosta e também do que não gosta. No entanto, há algo de diferente nele, algo que o torna especial.

É que o mundo que ele vê é completamente diferente daquele em que vivemos. No seu mundo ele não suporta a mentira, a desorganização e principalmente aqueles que têm pena dele. Neste mundo só entra quem ele quer, só entram os genuínos. O mundo dele é simples, branco e preto, nele não existem segundas intenções, ou é ou não é.
Porém, este mundo existe no nosso complicado mundo. E por mais que ele pense e tente entender, ele não compreende os olhares disfarçados, os comentários julgadores, os risos incompreensivos e muito menos as palavras maldosas. Ele questiona-se porquê? Porque é que dizem que sou anormal? Deficiente? Que a culpa de ser assim é dos meus pais? Porque é que dizem “Coitadinho deixa estar que ele é deficiente”, Porquê? Porque é que me olham assim? Porque é que na escola sou sempre o último a ser escolhido? Porque é que aquele rapaz é mau para mim, se nunca lhe fiz mal? Porque é que não consigo fazer amigos?  
Todos nós temos mágoas, palavras que nos magoam, mas ele não consegue expressar-se, os sentimentos não são o seu forte, muito menos as pessoas, são muito complicadas, incompreensivas. Ele prefere a música, os seus mapas e os seus jogos. Adora descobrir novos caminhos, adora o globo e conhece-o de uma ponta a outra. E sabem porquê? Porque ao contrário das pessoas, dos ditos “normais”, estas coisas não o julgam, não o ofendem, não o confundem, são simples, só suas. Tornam o seu mundo único.          Quando lhe pergunto o que ele mais quer, sabem o que ele me responde?

07/02/2015

Esperar é morrer...

Esperar é morrer! Que o digam os doentes que se dirigiram às urgências procurando o tratamento dos seus sintomas e o que encontraram foram horas de espera que infelizmente acabariam por terminar na sua morte.
Causa-me algum desconforto pensar nas histórias que vem surgindo relatando os casos de longas horas de espera que terminam na morte dos pacientes. Sinceramente, como é que é possível deixar-se um filho descobrir um pai morto numa maca, num corredor de um hospital? Como é que é possível deixar-se alguém esperar 15 horas? Há uma questão, aqui, fundamental o que é que está mal?
Estamos em pleno Inverno, numa altura em que o pico das gripes prevalece e por consequência existe um maior congestionamento das urgências. E deveria ser exactamente por este mesmo motivo que seria necessário existir uma estratégia bem delineada que permitisse assegurar aos utentes um atendimento de qualidade, onde realmente se fizessem os possíveis e os impossíveis para garantir que se fez o melhor por cada utente.
A minha recriminação não está no facto de morrerem pessoas, infelizmente, os médicos não conseguem salvar toda a gente, mas sim em casos como um homem ter um AVC e ser deixado a morrer num corredor de um hospital, à espera. Digam-me à espera de que? A pergunta que faço é que Serviço Nacional de Saúde é este que permite situações destas? Que SNS é este que permite que alguém esteja 15 horas à espera, porque lhe foi dada uma pulseira verde, e acabe por morrer? Na minha ignorância eu penso que ninguém se sujeitaria a estar 15 horas num hospital se não se sentisse realmente mal! E a justificação que dão é a falta de médicos? Engraçado ver que do outro lado da moeda vejo estudantes a lutarem anos a fio para conseguirem entrar num curso de medicina porque, ano após ano, ficam a décimas. Muitos deles acabam por ir

02/02/2015

Uns são filhos, outros enteados

Enquanto populações inteiras se levantam ultrajadas pelo recente atentado nos escritórios do jornal satírico Charlie Hebdo, pelo ataque aos valores ocidentais que representa, particularmente a liberdade de expressão; os atentados do grupo extremista islâmico Boko Haram parecem não produzir os mesmos efeitos.
            Apesar de alguns apelos para apoio internacional semelhante e de algumas campanhas bem sucedidas como a #BringBackOurGirls, parece-me que nada se compara aos milhões que inundaram as ruas de Paris e que se intitulam Charlie.
            A diferença de informações disponibilizadas para cada um destes atentados dão a entender que dados concretos e amostras visuais podem fazer a diferença e tornar a tragédia mais nossa, mais próxima e consequentemente mais verdadeira, porque olhos que não vêem, coração que não sente. É apenas mais um problema num lugar distante de nós, eles estão habituados e nós também não temos dificuldade em estar.
            O ataque a Baga foi também um enorme atentado à liberdade religiosa e democrática onde 2000 civis foram mortos, mas parece que estando na linha das actuações deste grupo não deve ser algo porque devamos ficar boquiabertos, apesar da escalada de violência.
            Descrito como uma carnificina, pelos milhares de mortos e feridos, sobretudo mulheres, crianças  e idosos que não conseguiram fugir ao fuzilamento indiscriminado, este foi o ataque com maior gravidade desde que o Boko Haram se encontra activo há 5 anos. Contudo, estas mortes e feridos que nem sequer conseguiram ter assistência não foram capa de revistas nem abriram os telejornais inúmeras vezes consecutivas.
            As diferenças culturais e antropológicas podem

29/01/2015

A falácia da liberdade de expressão

O que é afinal a Liberdade de expressão? É muito fácil reivindicar esta liberdade como um direito, agora entender, verdadeiramente, o significado de liberdade é que me parece que está longe de acontecer. O que é evidente é que muitos de nós se esquece que se temos o direito a exprimirmos opiniões, temos também o dever de respeitar os outros e as opiniões e crenças daqueles que nos rodeiam. Aliás, para mim não existe liberdade sem respeito.
                Deixem-me já deixar claro que abomino por completo o atentado à redacção do jornal Charlie Hebdo. Ninguém tem o direito de matar indiscriminadamente usando um Deus como desculpa barata. Considero que seja qual for o nome pelo qual o chamam, não existe nenhum Deus que defenda e aceite actos de vingança como um símbolo de fé. Custa-me acreditar que existam pessoas que usem a religião e a fé como pretexto para cometer actos tão atrozes como estes e que consigam ainda classifica-los como “atentados abençoados”. Simplesmente não consigo imaginar um Deus que aceite a morte indiscriminada como método de demonstração de amor por si e de fé. No entanto, o meu dever é respeitar as crenças de cada um e não usar a suposta liberdade de

me expressar como desculpa para gozar de forma descarada com as crenças e ideologias daqueles que me rodeiam. E para mim, as caricaturas expostas pelo jornal em causa são um uso falacioso do que é a liberdade de expressão, estas são meramente uma arma de gozo e total desrespeito por aquele que é também um direito, refiro-me à liberdade de religião. Querem exprimir incompreensão pelos actos de terrorismo usados como meio de propaganda de uma crença? Façam-no com recurso a opiniões estruturadas e sem o uso de generalizações. É porque não devemos esquecer que os radicais constituem uma pequena percentagem, e que ainda existem aqueles que pacificamente vivem as suas crenças e ideologias e as aceitam como verdades nas suas vidas sem desrespeitar o seu vizinho.
                Eu sou cristã, aprendi com o “meu” Deus que todos somos iguais, que todos temos o direito a termos as nossas

24/01/2015

Água mole em pedra dura tanto bate até que fura

Olhando para o mundo que me rodeia, cada vez mais me apercebo do quanto as Palavras se tornaram triviais, usadas apenas como um meio para atingir um fim. Palavras manipuladas enchem a nossa sociedade, a mentira vence a verdade e o poder comanda os desejos da maioria. Sei que corro o risco de usar um cliché, mas desde pequena que tenho este sonho escondido de que as minhas palavras pudessem um dia fazer a diferença, pudessem marcar uma mudança. E sim, continuo com esse sonho.
Evidente que uma palavra não basta para fazer a diferença, é preciso agir, mas parece-me que este será o melhor veículo. A grande maioria dos problemas que assolam a nossa realidade acontecem porque não existe diálogo, existem suposições, imaginações e manipulações. O dom da oratória não tem valor quando o objectivo base é o proveito próprio.

Como todos nós eu tenho a minha verdade, as minhas convicções e as minhas opiniões e tenho esta crença de que, usando as minhas palavras para as expressar, posso fazer a diferença, por mais pequena que seja valerá a pena. Afinal sempre ouvi dizer que água mole em pedra dura tanto bate até que fura. Quem sabe se um dia as nossas Palavras não terão o mesmo efeito…