Nas últimas eras, as inovações tecnológicas
têm sido uma constante nesta sociedade que vive numa permanente sede de mudança
e renovação. E foi desta forma que um mundo que outrora vivia isolado se
transformou num mundo globalizado reduzido a uma «aldeia global». Tudo se
tornou mais fácil, rápido e inovador. As comunicações facilitaram-se. Se há uns
anos atrás ter um telemóvel era um motivo de festa, hoje em dia tornou-se em
algo banal, importante é que seja a versão mais recente e funcional! A internet
aproximou as pessoas num mundo virtual onde tudo acontece e nada é impossível. E
o famoso facebook tornou-se no
habitat natural de quase toda uma sociedade, tornando-se num novo e inovador
meio de comunicar. Resumindo, toda esta evolução tecnológica trouxe não só
desenvolvimento, mas também o afastamento das relações pessoais. Hoje em dia,
temos cada vez mais gerações presas a um mundo virtual.
Evidente
que todo o desenvolvimento a que assistimos nas últimas décadas proporcionou às
sociedades uma melhoria considerável das condições de vida e que todo este
progresso tecnológico facilitou e tornou o nosso quotidiano mais diverso (pelo
menos em metade do mundo, mas isto já são outras histórias), mas o que preocupa
são as consequências que tudo isto trouxe para as relações humanas. Afinal a
que custo é feito o progresso?
A
base do ser humano é a comunicação, é a sua capacidade de comunicar com e para
os outros, mas também para si mesmo. Se por um lado, a nova era tecnológica
facilitou a comunicação reduzindo a distância, por outro, reduziu o convívio e
a partilha entre humanos sem o uso de artefactos. Basta vermos que muito do
nosso tempo é gasto em frente a um computador, navegando pelo facebook,
“comunicando” com os nossos amigos virtuais, ou ainda presos num ciclo infinito
de SMS´s. Os restaurantes tornaram-se palco de uma procura da senha do Wi-Fi,
numa sede de conhecer as últimas novidades. Que é feito dos momentos em
família, onde se conversa, se partilha o nosso dia-a-dia, as nossas
preocupações? Que é feito dos momentos entre amigos, daqueles que ficam nas
nossas memórias durante anos e que acabamos por recordar anos depois, ainda com
um carinho especial?
Quando é que foi a última vez que olhámos nos olhos de alguém,
que nos é próximo, e fomos verdadeiros com o que realmente sentimos?
Eu
vejo todo este reboliço virtual como uma distracção que nós humanos arranjamos
para não termos que lidar com as complicadas relações humanas, é mais fácil
respondermos ao facebook quando nos pergunta o que estamos a pensar, do que
respondermos com verdade à simples questão – “está tudo bem contigo?” – o
virtual é mais fácil, a realidade representa o medo. O medo de sermos sinceros,
de sermos verdadeiros connosco, de olharmos nos olhos daquela pessoa à nossa
frente e ouvirmos os seus medos, o que ela sente. Quando é que foi a última vez
que nos preocupamos realmente com o outro? Podem não concordar comigo, mas o
mundo virtual tornou-nos seres egoístas, falsos. Porque vivemos atrás de uma
máscara, que nos deixa confortáveis, é confortável não ter que lidar com a
realidade.
E
se todos os dias tirássemos por um momento esta máscara e durante esse momento
fossemos nós, simplesmente nós? Sem medos, sem receios, sem virtualidades. Um
novo desafio, vais aceitá-lo?
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