16/03/2015

Máscara Virtual

  Nas últimas eras, as inovações tecnológicas têm sido uma constante nesta sociedade que vive numa permanente sede de mudança e renovação. E foi desta forma que um mundo que outrora vivia isolado se transformou num mundo globalizado reduzido a uma «aldeia global». Tudo se tornou mais fácil, rápido e inovador. As comunicações facilitaram-se. Se há uns anos atrás ter um telemóvel era um motivo de festa, hoje em dia tornou-se em algo banal, importante é que seja a versão mais recente e funcional! A internet aproximou as pessoas num mundo virtual onde tudo acontece e nada é impossível. E o famoso facebook tornou-se no habitat natural de quase toda uma sociedade, tornando-se num novo e inovador meio de comunicar. Resumindo, toda esta evolução tecnológica trouxe não só desenvolvimento, mas também o afastamento das relações pessoais. Hoje em dia, temos cada vez mais gerações presas a um mundo virtual.
                
   Evidente que todo o desenvolvimento a que assistimos nas últimas décadas proporcionou às sociedades uma melhoria considerável das condições de vida e que todo este progresso tecnológico facilitou e tornou o nosso quotidiano mais diverso (pelo menos em metade do mundo, mas isto já são outras histórias), mas o que preocupa são as consequências que tudo isto trouxe para as relações humanas. Afinal a que custo é feito o progresso?
    A base do ser humano é a comunicação, é a sua capacidade de comunicar com e para os outros, mas também para si mesmo. Se por um lado, a nova era tecnológica facilitou a comunicação reduzindo a distância, por outro, reduziu o convívio e a partilha entre humanos sem o uso de artefactos. Basta vermos que muito do nosso tempo é gasto em frente a um computador, navegando pelo facebook, “comunicando” com os nossos amigos virtuais, ou ainda presos num ciclo infinito de SMS´s. Os restaurantes tornaram-se palco de uma procura da senha do Wi-Fi, numa sede de conhecer as últimas novidades. Que é feito dos momentos em família, onde se conversa, se partilha o nosso dia-a-dia, as nossas preocupações? Que é feito dos momentos entre amigos, daqueles que ficam nas nossas memórias durante anos e que acabamos por recordar anos depois, ainda com um carinho especial?
Quando é que foi a última vez que olhámos nos olhos de alguém, que nos é próximo, e fomos verdadeiros com o que realmente sentimos?

     Eu vejo todo este reboliço virtual como uma distracção que nós humanos arranjamos para não termos que lidar com as complicadas relações humanas, é mais fácil respondermos ao facebook quando nos pergunta o que estamos a pensar, do que respondermos com verdade à simples questão – “está tudo bem contigo?” – o virtual é mais fácil, a realidade representa o medo. O medo de sermos sinceros, de sermos verdadeiros connosco, de olharmos nos olhos daquela pessoa à nossa frente e ouvirmos os seus medos, o que ela sente. Quando é que foi a última vez que nos preocupamos realmente com o outro? Podem não concordar comigo, mas o mundo virtual tornou-nos seres egoístas, falsos. Porque vivemos atrás de uma máscara, que nos deixa confortáveis, é confortável não ter que lidar com a realidade.

      E se todos os dias tirássemos por um momento esta máscara e durante esse momento fossemos nós, simplesmente nós? Sem medos, sem receios, sem virtualidades. Um novo desafio, vais aceitá-lo? 

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