29/01/2015

A falácia da liberdade de expressão

O que é afinal a Liberdade de expressão? É muito fácil reivindicar esta liberdade como um direito, agora entender, verdadeiramente, o significado de liberdade é que me parece que está longe de acontecer. O que é evidente é que muitos de nós se esquece que se temos o direito a exprimirmos opiniões, temos também o dever de respeitar os outros e as opiniões e crenças daqueles que nos rodeiam. Aliás, para mim não existe liberdade sem respeito.
                Deixem-me já deixar claro que abomino por completo o atentado à redacção do jornal Charlie Hebdo. Ninguém tem o direito de matar indiscriminadamente usando um Deus como desculpa barata. Considero que seja qual for o nome pelo qual o chamam, não existe nenhum Deus que defenda e aceite actos de vingança como um símbolo de fé. Custa-me acreditar que existam pessoas que usem a religião e a fé como pretexto para cometer actos tão atrozes como estes e que consigam ainda classifica-los como “atentados abençoados”. Simplesmente não consigo imaginar um Deus que aceite a morte indiscriminada como método de demonstração de amor por si e de fé. No entanto, o meu dever é respeitar as crenças de cada um e não usar a suposta liberdade de

me expressar como desculpa para gozar de forma descarada com as crenças e ideologias daqueles que me rodeiam. E para mim, as caricaturas expostas pelo jornal em causa são um uso falacioso do que é a liberdade de expressão, estas são meramente uma arma de gozo e total desrespeito por aquele que é também um direito, refiro-me à liberdade de religião. Querem exprimir incompreensão pelos actos de terrorismo usados como meio de propaganda de uma crença? Façam-no com recurso a opiniões estruturadas e sem o uso de generalizações. É porque não devemos esquecer que os radicais constituem uma pequena percentagem, e que ainda existem aqueles que pacificamente vivem as suas crenças e ideologias e as aceitam como verdades nas suas vidas sem desrespeitar o seu vizinho.
                Eu sou cristã, aprendi com o “meu” Deus que todos somos iguais, que todos temos o direito a termos as nossas
próprias verdades, temos o direito a viver a nossa fé. Mas aprendi também que devemos amar o próximo, que devemos respeitar o outro, aprendi que o ódio e a vingança corrompem a nossa alma e a nossa humanidade. Acima de tudo aprendi que a fé tem que ter como base o amor, a compreensão, a entreajuda e o respeito. E é com base nisto que condeno por completo qualquer acto de terrorismo com o fundamento de amor a Deus, acreditem quando vos digam que isso não é amor. O amor nunca poderia ter por base tamanha maldade.

                Termino afirmando que eu não sou Charlie, eu sou a Inês, alguém que defende que a liberdade e o respeito devem andar de mãos dadas, mas ainda mais, repito, que ninguém tem o direito de matar em nome da fé. Por último, deixem-me usurpar uma frase já muitas vezes usada, mas igualmente esquecida, « a minha liberdade termina onde começa a do meu vizinho», e isto é tudo aquilo que todas aquelas caricaturas não exemplificam.

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