Recentemente, os maus tratos a
animais de companhia (morte e danos físicos) passaram a ser punidos por lei.
Aqueles que o fizerem sem motivos legítimos arriscam-se a uma pena de prisão
que poderá chegar aos dois anos.
No início do mês, um cão foi abatido
a tiro em Monsanto pelo vizinho dos donos. Gerou-se uma onda de indignação nas
redes sociais e media e ainda o apoio político da PAN. Para além disso, as
organizações de protecção de animais aproveitaram o momento para reforçar os
apelos para que a nova lei seja efectiva.
Crueldade à parte, há que ter em
conta as diferenças que se apresentam a nível de mentalidades. Apoio este avanço mas há que levar a questão mais a fundo porque apesar de compreender o sofrimento dos donos e me causar tristeza situações semelhantes, consigo também analisar a outra face do problema.
Se recuarmos duas gerações
facilmente concluímos que a forma como os nossos avós foram criados não é comparável
com os afectos que actualmente ligam a maior parte de nós aos animais. Com
grande parte da população a trabalhar de sol a sol num meio rural e com poucas
perspectivas e horizontes para além do sol a pôr-se na fazenda onde o rebanho
está a pastar, penso que não é de esperar que essas mesmas pessoas olhem para
os animais como algo mais do que uma ferramenta de trabalho e sobretudo, uma
forma de sustento.
Como ouvi dizer, é gente mais
"preparada para a vida". A falta de meios para prosseguir com os estudos
ou ambicionar a uma vida com maior bem-estar faz com que estas questões que a
nossa sociedade desenvolvida coloca não façam qualquer sentido há uns anos
atrás. A realidade é bem mais dura para dar espaço a esse nível de
preocupações. O que tem abater o cão do
vizinho a tiro se ele anda a rondar a minha casa ou se abater o próprio cão se
tal se mostrar necessário nem sequer é um problema?
A questão em causa para as pessoas
que foram educadas para ganhar a vida nestes meios não só é secundária como
para muitos nem sentido faz. Não podemos fazer uma comparação quando estão em
jogo contextos tão distintos.
Não considero que os actuais
problemas nacionais sejam a desculpa para não analisar este assunto, não
considero que o facto de existirem prioridades nos faça ter "vistas
curtas". Contudo, a defesa dos direitos dos animais deve ganhar uma certa
racionalidade que muitas vezes parece que se perde. Provavelmente a solução
passa sobretudo pela imposição de coimas agravadas e de um exercício de
prevenção visto que muitos destes casos remontam a quezílias e invejas de parte
a parte sobretudo nas zonas do interior português.
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