A vida é
completamente imprevisível. E o Homem segue-lhe as pisadas. Num momento podemos
ser as pessoas mais lúcidas e, no outro, ter vontade de fazer as coisas mais inimagináveis.
Há razões que por mais que tentemos entender nunca o iremos conseguir, porque
estão fora da lógica da maioria. É completamente impensável entender a razão
que leva um co piloto a destruir propositadamente um avião levando com ele 149
pessoas totalmente inocentes. É impossível. Podemos continuar a questionar, mas
a verdade é que por mais caixas negras que encontrem, nenhuma delas nos vai
dizer o que ia na cabeça de Andreas Lubitz.
Tenho
que confessar que o momento de entrada num avião é, para mim, muito
perturbador. A minha mente navega por entre as mil e uma coisas que podem
correr mal: uma tempestade incontrolável, a falha dos motores ou então uma
invasão de terroristas infiltrados, mas nunca me lembrei de questionar os ímpetos
suicidas dos pilotos, que naquelas horas tinham a minha vida, a dos meus e a de
mais cento e tal pessoas nas suas mãos. E isto porquê? Porque na minha
ingenuidade pensaria que a companhia se certificava que tinha consigo não só os
melhores, os mais competentes, mas também os mais estáveis. Como eu disse, o
Homem é imprevisível, e nunca nos devíamos esquecer disso. Os pilotos têm
diariamente nas suas mãos a vida de milhares de pessoas que confiam neles de
olhos fechados, que confiam que eles os vão levar de volta para as suas
famílias; que eles os vão levar para aquela viagem que há tanto tempo sonhavam
fazer; que os vão levar ao reencontro de um velho amigo que há muito não viam;
colocam neles a esperança de um futuro.