11/04/2016

A Vida e o Futebol

Sempre me admirou a capacidade que o futebol tem em fazer as pessoas sentirem-se parte de algo maior que elas, a união entre adeptos, os cânticos em uníssono que fazem um estádio vibrar antes de um jogo. A alegria e o orgulho com que gritámos a alto e, bom som o nosso hino. O entusiamo que nos percorre quando marcamos um golo, quando ganhamos, mas também a tristeza e a desilusão que nos preenche quando perdemos, quando vemos a nossa equipa a jogar sem alma e sem paixão. É uma espécie de amor inexplicável este que se tem por um emblema. Para quem não percebe a loucura pelo futebol, para quem não a vive, não há forma de se explicar, é algo que não se explica, sente-se, e sim, podem me chamar maluca, mas ver a minha equipa ganhar é das melhores alegrias que posso ter, e quando perdemos, é razão para não falarem para mim durante umas boas horas. Porquê? Perguntam vocês, como vos disse não se explica, sente-se.

Engraçado que o futebol acaba por ser um bom exemplar de como a vida funciona, mais ainda, de como são os comportamentos humanos. É quase como se fossem os peixinhos que o Stº António usou para criticar os podres da nossa sociedade. Um exemplar para entendermos a nossa vida quotidiana, as relações irracionais entre seres humanos e, até as discussões idiotas que preenchem o nosso dia-a-dia. Tudo isso se reflete no futebol, a tudo isso assistimos nos 90 minutos de jogo, e nos pré e pós jogos, não acreditam? Ora pensem, a importância que um mísero penálti, que não foi marcado, a suposta bola na mão, que foi ou não foi, ou o malfadado fora de jogo, que assombra os finais de jogos e que provoca acesas discussões que, mais vezes do que devia, acabam em pancadarias, quais homens das cavernas que se reviram todos quando alguém ousa por em causa o seu emblema, é mais ou menos, como aquelas discussões absurdas por um lugar de estacionamento, por exemplo. Temos ainda, aqueles espécimes que pulam de contentamento quando a equipa adversária perde, mais do que quando a própria equipa ganha. Sabem como aqueles que levados pela inveja, festejam com champagne o mal que aos outros acontece, só porque isso lhes trouxe alguma vantagem, que vai na volta acaba por nem ser nada de especial. Mais, aqueles que se esquecem que acima de tudo somos portugueses e, que o facto de uma equipa estar a fazer uma boa campanha na liga maior, é bom, é uma coisa boa. Sim, meus caros, sou uma portista que ficará contente se o Benfica conseguir ultrapassar o Bayern (não fiquem tão surpreendidos, ainda existem estas espécimes raras).
Um dos meus preferidos, são aqueles finais de jogos em que acaba tudo como se de uma selva se tratasse, todos engalfinhados, sem sequer terem uma razão para tal. Meus caros, “as cores” de cada um não justificam essas coisas, somos seres racionais, sim? Usem a cabeça!
Aprecio imenso, aquelas exemplares formas de fairplay (ou não) quando se queima bandeiras, se atiram pedras, veryligth’s ou cabeças de porco, ou ainda quando se desligam luzes e se liga a rega, é bonito, não acham? O ser humano consegue ser um ser tão simpático. A raiva com que se fica de um jogador, quando este, qual ultraje, ousa mudar de clube, e o menino bonito passa a maça podre, assim num estalar de dedos, é algo que me faz alguma comichão. Expliquem-me lá também reagem assim quando o vosso companheiro de trabalho, decide mudar de empresa? É o fim da amizade, é isso? Sim, o mesmo se aplica a treinadores.

E como último conselho, meus caros, não se deixem sugar por esse peixe traquina chamado memória curta. Não se esqueçam num momento estamos no topo, no outro podemos bater no fundo. Num somos os melhores, no outro as ovelhas negras que ninguém quer. Até o Special One virou The Fired One. E no final das contas, é como na vida real, é quando estamos lá no fundo que vemos quem são os verdadeiros, aqueles que estarão sempre lá a apoiar-nos, a gritar por nós, a vibrar por nós e connosco, mas é também nestes momentos que vemos quem devemos dispensar, quem não tem a força suficiente para aguentar e sai de campo, sem dar luta. Quem simplesmente só está lá, quando estamos no topo, e sinceramente, quem é que quer esses peixes? Veem? Afinal até temos algumas coisitas a aprender com o futebol, mas sim continua a ser um amor e uma loucura inexplicável, mas no topo ou no fundo, o meu coração será sempre azul e branco.


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