Ontem foi dia da
mulher e não pude deixar de comparar a situação das mulheres portuguesas,
europeias ou de uma certa cultura dita ocidental com a de milhares de outras
mulheres como eu, cujos países e compatriotas as subjugam e olham para elas
como seres inferiores.
Apesar das
nossas lutas mais do que fundamentadas dei por mim a desejar que as próximas
conquistas das mulheres do meu país passem pela denúncia da violência de que
são frequentemente vítimas quer por parte dos próprios companheiros quer pela
sociedade que infelizmente ainda encontra elementos que pensam ter o direito e
poder de nos pisar e usar a seu belo prazer.
Enquanto pensava
como seria bom se as mulheres tivessem a mesma facilidade de acesso a
determinados trabalhos predominantemente masculinos, cargos de topo, ou posição
de gestão e de carácter político. Pensava como seria uma grande conquista se o
facto de sermos capazes de dar a vida não fosse um peso desfavorável para
conseguir e manter um trabalho.
Mas mais do que
olhar para as circunstâncias que nos rodeiam é essencial ver mais longe. Em
sociedades africanas, indianas ou árabes para apenas nomear alguns exemplos, os
desafios que estas mulheres enfrentam são ainda maiores e cobertos de maior
gravidade. Em pleno século XXI, os direitos destas mulheres são questionados,
percepção essa protegida por vezes, por ideais religiosos ou em nome de
tradições e elementos identitários.
A questão nem se
prende com a existência de protecção e segurança para mulheres desprotegidas ou
conquista de direitos de trabalho mais equitativos. A base de argumentação é
muito mais retrógrada que isso, como se de uma era primitiva se tratasse, pois
a discussão ainda se centra na humanidade com que estas mulheres devem ser
tratadas.
Existe um longo
percurso a percorrer numa estrada cheia de altos e baixos. Como li
recentemente, quando as mulheres se apoiam mutuamente, coisas incríveis
acontecem. É importante que a leve brisa de mudança se torne um vento forte nas
sociedades mais atrasadas para que as próprias mulheres por todo o mundo ganhem consciência de que são iguais aos homens e que não existe uma passagem de um livro sagrado, governo autoritário ou rito de transição que as possa fazer acreditar que são diferente e menos dignas de respeito.
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