Faço fotografias
desde pequena, desde que me lembro de fotografar uma flor de laranjeira. Hoje,
vejo a fotografia como um traço da minha personalidade e uma forma de a
expressar. Num mundo em que fotografar se tornou tão banal, e onde as redes
sociais, telemóveis e máquinas cada vez mais modernas tornam tudo tão
automático e instantâneo, poder sentir aquilo que está para lá da lente
tornou-se um prazer ainda maior por tudo aquilo que tem de especial.Porque quem faz a fotografia é o fotografo, o instrumento pouco importa.
Contrario a ideia de que a
fotografia é uma representação da realidade, porque considero que é uma
expressão da forma como olhamos para ela ou apenas daquilo que queremos passar
dessa realidade, e até em algumas situações, poderá ser uma forma de ocultar a
verdadeira realidade e mostrar outra completamente diferente, ou a que nem
todos vêem.
Acredito que a minha visão artística
e a minha personalidade se reflectem nas fotografias que revelo, caso contrário
não existiriam tantas representações diversas do mesmo tema e cenário. As
interpretações são distintas, o que vemos difere de pessoa para pessoa bem como
aquilo que nos capta a atenção, aquilo que consideramos belo e o que vemos de
belo no feio.
O que mais me fascina na fotografia
é o momento íntimo com a câmara, o momento de escolher o enquadramento, rever a
velocidade do obturador e ajustar o diafragma. É a isto que chamo fazer uma fotografia,
seguido do processo de revelação na câmara escura. Trabalhar com os químicos e
tempos de exposição até ver surgir a imagem no papel fotográfico que temos nas
nossas mãos. É um momento mágico esse de revelar os negativos, de participar em
todo o processo desde a captura até à materialização da foto.
O meu estado de dependência desta
máquina que desenha com luz é tal, que mesmo que não a tenha por perto é normal
que a minha mente, alma e visão a substituam e olhem para o mundo que me rodeia
enquadrando-o e fazendo o “click” para registar essa visão na minha memória.
Essa é mais uma das razões que me fazem amar a arte da fotografia: a capacidade
de preservar ao longo de gerações, memórias, eventos e pessoas como se fossem
eternas. Posso voltar a elas e rever o que vivi, sentir os mesmos cheiros e
sabores, e as mesmas sensações.
Fascina-me poder mostrar a beleza
nas coisas mais improváveis, curiosas e improváveis ou apenas registar momentos,
relevantes na sua pequenez ou grandeza, porque fotografar é presenciar, é ver
para além de olhar.
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