03/07/2016

Chega!

Chega!
O que é que se passa com o mundo? Connosco?
Que espécie é esta que se apodera de vidas inocentes para provar algo?
E que mundo é este que continua a não querer saber, quando o terror acontece no “outro lado”? Como somos capazes de ficar indiferentes?
Morreram mais 131 inocentes. A diferença? Aconteceu em Bagdade.
Onde estão as cores das bandeiras do Iraque? Onde estão as fotos de perfil? Onde estão? Onde está a nossa compaixão?
Chega!

Como é que continuamos a assistir a atos atrozes como estes?
Como?
Por favor, chega. Basta!
Não é assim que se espalha uma crença, uma fé, seja o que for! Não é assim!
Não é à custa da vida humana.

O mundo precisa de amor.
Não sejamos hipócritas ao não entendermos que o mal não está só neles.
Está em todos aqueles que pensam que, por ser imigrante, não merece estar no mesmo espaço que todos os outros.
Está em todos aqueles que não respeitam o amor em todas as suas formas, raças, idades e género.
Está em todos aqueles que não entendem que um sem abrigo tem os mesmos direitos que nós e, que nenhum de nós está livre de um dia dormir na rua, passar fome, perder tudo.
Está em todos aqueles que tiram a oportunidade a crianças de aprenderem, de estudarem. E ainda mais, a quem tira o direito a estas crianças de serem o que desejam, a quem lhes corta as asas.
Está em todos aqueles que consideram as mulheres seres inferiores, incapazes, inúteis. Está em todos os que pensam e dizem que uma mulher por usar uns calções, uma saia está “mesmo a pedi-las”.
Está em todos os que fecham as portas, a quem apenas quer fugir de uma vida de guerra! Em quem não entende que existe mais mundo para além da Europa, do Ocidente.
Está em todos aqueles que batem em animais, que os maltratam como se fossem lixo.
Está em todos os que julgam, maltratam, batem, desrespeitam.
Está em todos nós que um dia já desviamos o olhar a quem precisava de nós, a quem precisava de uma palavra, só isso, uma palavra.
Chega!
Basta!

Somos supostamente seres racionais! Chega!
Precisamos de amor.
Precisamos de respeito.
Precisamos de amizade.
Precisamos de solidariedade.
Precisamos de humanidade.
Precisamos de humanos!


Basta!

14/06/2016

Há quem tenha de lutar por ser pai

            Para mim, mulher que quer um dia ser mãe, não consigo imaginar a dor de quem descobre que não pode ter filhos biológicos, ou que sabe que terá de passar a sua vida nessa condição quando a generalidade das mulheres tem esse direito de que pode ou não usufruir. A felicidade de ser mãe é comparável com poucas coisas na vida e ser impedido de o ser por razões biológicas é injusto para não dizer revoltante.
            Recentemente, a Assembleia da República aprovou as propostas que permitem o acesso às chamadas “barrigas de aluguer” (gestação de substituição) nos casos de ausência, lesão ou doença do útero a par do alargamento da Procriação medicamente assistida (PMA) a todas as mulheres.
            É um avanço que me apraz assistir mas que não deixa de me deixar várias dúvidas. Obviamente que ficam em aberto muitas questões morais, isto porque apesar de estas propostas terem sido aprovadas e permitirem agora uma nova esperança a mulheres que de outra forma não conseguiriam ter filhos, tudo o resto fico para depois.
            Falo sobretudo no caso da gestação de substituição, em que todas as perguntas ficam por responder no que toca a saber como pode decorrer este processo, especificidades legais, quais os deveres e poderes de cada parte, e assim por diante. Não se tratam de pormenores, tratam-se exactamente dos tópicos mais problemáticos que podem fazer a diferença entre uma lei bem ou mal sucedida numa questão como esta tão sensível.
            Para além disso entristece-me ver que mais uma vez a opção pela adopção é deixada para trás enquanto ganham terreno outras formas de possibilitar a maternidade. Compreendo a importância de poder chamar a um filho nosso, de passar pelo processo de gravidez e de ver nele os nossos traços mas será isso assim tão importante que a prioridade é alargar a PMA a mulheres solteiras enquanto os processos de adopção continuam extremamente morosos e burocráticos?

            É pena ver como alguns pais esperam anos a fio para poderem finalmente abraçar em sua casa uma criança que não é sua, mas que será acolhida e tratada como se filho biológico se tratasse. Passam por mil e um obstáculos para enfim poderem dar um lar a uma criança que de outra forma nunca o teria, um acto de extrema generosidade e amor. Estes casos merecem os mesmos desenvolvimentos políticos e sociais, merecem ser debatidos e merecem também uma nova esperança como agora é dada a estas mulheres. Também estes futuros pais estão à espera dessa oportunidade há muito tempo.

11/06/2016

É a Hora!


  Connosco descobriu-se o mundo. Connosco medos foram vencidos.
  Fomos o início. Fomos quem desbravou um mar infinito, em perigos e guerras esforçados, mais do que prometia a força humana, cantava Camões, entoando o peito ilustre lusitano.
Fomos os primeiros. Os destemidos lusitanos, que contra incertezas, mitos e medos, deram a conhecer ao mundo, a glória e a coragem de um povo que enfrentou ventos e tempestades por um sonho.

  Hoje, resta-nos a imaginação. A memória das glórias passadas, e a crítica ao Portugal desacreditado de hoje. Os portugueses que deixaram de acreditar, que deixaram de ver a nossa essência, que perderam a bravura de um povo destemido, de um povo que não se verga, mas que acredita, que luta, e que têm em si a capacidade de conquistar o mundo.

  Somos mais que a crise, que as críticas, que os bancos falhados, que os corruptos que nos desacreditam, que os políticos que apenas prometem, somos mais do que estatísticas! Não, nós não somos “lixo”, como alguns afirmam.

  Nós somos o rosto que fita o mundo! Pelo mundo espalham-se as marcas do nosso passado, e pelo mundo, deixamos a nossa marca para o futuro.

 Somos um país de paisagens encantadoras, de cortar a respiração. Somos um país de sol, de praias únicas, de pequenos paraísos escondidos. Somos o berço em Guimarães, somos a luz de Lisboa, somos as pitorescas ruas do Porto, somos a alma de Coimbra. Somos o calor do Algarve, o quente e acolhedor Alentejo. Somos a beleza açoriana, as flores da Madeira, a poesia dos vales do Douro. Somos a bravura transmontana, o romance de Sintra e a fé dos peregrinos.  Somos o umbigo do mundo, em Tomar. Somos o fado, a eterna saudade!

A nossa história é longínqua, as nossas fronteiras as mais antigas. Desde cedo, acérrimos defensores do que é nosso. Lutámos. Conquistámos. Vencemos. Perdemos. O nosso passado conta a promessa de algo maior, conta a viagem de uma nação sempre inacabada.

  Queremos sempre mais! Achamos que podemos sempre mais! Qual povo, eterno descontente e crítico do que têm e do que é! Não somos capazes de sentir, de viver esta alma portuguesa. Esta alma saudosa, esta alma calorosa, acolhedora! Este povo de festa! Este povo que por estes dias sai à rua e dança, canta, faz da noite sua.
Não existe no mundo, luz e alegria como a nossa! Não existe no mundo quem tanto diga mal de si próprio, mas que quando se une, não há quem os pare! Unidos somos mais fortes. Unidos movemos multidões, criamos o inimaginável e conquistamos o impossível! Basta acreditarmos, basta largarmos o medo, as críticas de velho do restelo e, só aí, conseguiremos conquistar todos os adamastores que surgirem no nosso caminho.

  Sim, fomos nós que descobrimos o mundo. O Mar foi e é nosso. Falta só mesmo cumprir-se Portugal.

 É a Hora!


05/06/2016

"War Child" por Emmanuel Jal - Review

            O seu país foi devastado pela guerra. As memórias dos massacres perseguem-no. Os seus familiares saíram derrotados na sua luta pela sobrevivência. Ódio, crueldade e violência sem limites. Tudo isto nos é descrito por Emmanuel Jal, cujas palavras chocam e expressam toda a sua dor mas também inspiram esperança mesmo após uma infância roubada pela guerra e por um passado de menino-soldado.
            Jal faz pequenas mas suficientes contextualizações da guerra civil do Sudão e das suas diferentes fases à medida que narra os anos que passou a correr pela vida ou na linha da frente, ansioso por se vingar do inimigo que queria destruir e roubar a sua terra.
            Choca sobretudo a forma como a semente da raiva e do ódio é colocada nos corações que de outra forma seriam puros, o coração de crianças. Crianças que viram os seus pais e irmãos morrerem, irmãs violadas e as suas casas incendiadas, que foram alvo de escárnio e olhares maldosos de quem nem sequer conheciam, o povo muçulmano do norte do Sudão.
       Depois de tudo o que testemunharam, estes meninos foram levados para se tornarem parte do exército que defendia o sul do Sudão, o exército da libertação. É assustador perceber como a ansiedade de combater e matar consegue ser tão maior que o medo quando o cenário de guerra está por perto.
A forma como interesses económicos e políticos criam e aumentam clivagens entre grupos tribais e etnias, entre uma pele mais clara e outra mais escura, entre diferentes crenças religiosas é assustador e converte-se não só numa maldição de recursos mas na maldição de um povo.
         Emmanuel Jal aborda o início do conflito e o seu desenvolvimento até à assinatura dos acordos de Paz e ainda fazendo uma referência ao Darfur, descrevendo a miséria e destruição que grassam por todo o lado, a fome, a realidade dos campos de refugiados, a sua experiência militar, disputas tribais, interesses económicos, encontros e desencontros, e a angústia e desespero que pautavam cada dia marcado pela proximidade da morte e por uma espera constante.
            Mais do que um relato de guerra na 1ª pessoa, este livro é uma fonte enorme de esperança. Apesar de menino-soldado, apesar do desejo de vingança, do ódio e de um corpo já sem alma, continuamos a ver um menino que fala incessantemente em querer ir para a escola para aprender e assim ajudar o seu país no futuro. Um menino que mais tarde cresce, e que com o apoio de muita gente que acreditava nele e que viu nos meninos perdidos do Sudão uma necessidade urgente de lhes dar uma mão cheia de oportunidades que nunca tiveram na vida, renasce com a ajuda da música e na reunião com Deus que o parecia ter abandonado no meio dos gritos de balas e granadas.

           Jal tornou-se um rapper reconhecido internacionalmente e fez uso das suas palavras não só para cantar mas acima de tudo para contar uma história que precisa de ser contada e espalhar uma mensagem de paz. Tal como a sua mãe lhe dizia: "Um dia estaremos num sítio melhor"

Para saber mais:

Filme: War Child por Karim Chrobog
Website do rapper: http://emmanueljal.com/
Gua Africa: http://www.gua-africa.org/emma-academy-project/

20/05/2016

Humanidade Off

Viva, caros facebookianos!

Como vai essa vida de fervorosos críticos da sociedade via online?

            É verdade, hoje quero falar-vos desta epidemia que parece ter invadido o mundo das redes sociais! A epidemia do destilar a raiva acumulada, em comentários ridículos, sem fundamento, e que em muitos casos, chega a roçar o preconceito e a falta de noção da realidade!
            Parece que as pessoas adoram esta coisa de estarem “escondidas” atrás de um computador, dá-lhes a liberdade para dizer tudo aquilo que nunca o conseguiriam dizer cara-a-cara. Eu entendo, é muito mais complicado olhar nos olhos das pessoas e dizer o que pensamos, não é? Ou então, ficam com o ego em alta, porque disseram tudo o que realmente pensam sobre aquele famoso que vos irrita, num comentário de facebook! Têm noção do quão ridículo isso é?
             A forma como se julga, critica e se rebaixa alguém que não se conhece é de facto surpreendente. E não, não é por verem uma pessoa todos os dias na televisão que a conhecem, ou que vos dá o direito de dizer tudo o que vos passa pela cabeça, sem a noção de que há palavras escritas que magoam. Como por exemplo, dizer que se aproveitam de um cancro para aparecer, ou que, passando a citar “Não entendo o alarido todo, quando lhe foi dito que seria 100% curável”, e então? Deixa-me adivinhar só porque é 100% curável, deixa de ser cancro, é isso? Como se a vida fosse uma série de percentagens certas de acontecimentos.
            Outro exemplo foi o agradável comentário de uma ouvinte, de uma reconhecida rádio, que comenta da seguinte forma a passagem de uma das locutoras para o programa da manha: “Com tanta gente melhor, vão logo escolher a pior de todas”, para melhorar, ainda identifica essa mesma locutora. Eu pergunto, sentiste-te melhor? A sério, o que é que se ganha com este tipo de comentários? Tudo bem, todos nós temos o direito à nossa opinião, mas também existe uma palavra, que eu acho que anda muito esquecida para alguns lados – que é o respeito! Sim, temos a liberdade de darmos a nossa opinião, mas temos o dever de respeitar os outros, e de não andarmos aos insultos de forma gratuita, ou com julgamentos descabidos, e pensamentos sem nexo, há que usar os neurónios que temos na nossa cabeça!

             É preocupante ver crianças publicarem vídeos onde mostram orgulhosos a forma horrível com que tratam um miúdo, como se isso as fizesse mais fortes, mais corajosos! E não contentes, ainda publicam para todo o mundo ver. Pensem bem nisto, a confiança que é preciso ter na atitude que tiveram para a mostrarem a todo o mundo, e para quê? Pior ainda é haver pessoas que seriam capazes de comentar a apoiar a situação, e pronto torna-se num assunto viral do mundo global!
 
             A tecnologia trouxe-nos inúmeras vantagens, dizem até que aproximou distâncias, e melhorou a comunicação entre as pessoas. Já eu penso, que apesar das vantagens óbvias, a verdade é que nos afastou ainda mais, tornou-nos mais desligados do mundo que nos rodeia, das pessoas, dos nossos amigos, da nossa própria família! Pior que isso, é a insensibilidade que passou a reinar. Somos seres humanos desligados da nossa humanidade, e isso é preocupante.


  

            Por favor, pensem antes de teclar qualquer coisa que vos venha à cabeça. E mais que isso, vivam a vida real! Saiam, olhem o mundo à vossa volta. Respirem. Sintam tudo. Passeiem, sozinhos, ou melhor ainda, com aqueles que vos são mais próximos!          Arranquem os ipad´s dos vossos filhos e levem-nos a brincar à rua, como muitos de vocês faziam nas vossas infâncias, bem mais felizes, aposto. E acima de tudo, respeitem mais os que vos rodeiam. Respeitem os seus trabalhos, os seus momentos menos bons, apoiem-nos, ou simplesmente pensem antes de escrever qualquer tipo de comentário, pensem mais “E se fosse eu a ler isto, como é que me sentiria?”. Sabermos colocar-nos no lugar dos outros, é das maiores capacidades que podemos ter, usem-na. E por favor, mantenham o vosso botão da humanidade ligado.